Introdução
O que são os mangais?
Mangais árvores e arbustos que têm características que se distinguem das outras plantas (Shunula e Whittick, 1999):
— Ocorrem apenas na zona entre marés onde formam extensivas florestas, as vezes mono específicos;
— Possuem raízes aéreas-subterrâneas especializadas;
— Muitas espécies são vivíparas, a característica em que a semente germina dentro do fruto em quanto este ainda está ligado à planta mãe;
— São tolerantes à água salgada.
Porque os mangais importantes? (Spalding et al, 2010)
— Os mangais podem ser encontrados em 123 países tropicais e subtropicais, incluindo Moçambique, onde foram reconhecidas 73 espécies como mangal "verdadeiros".
— Declínio de 20% de área nos últimos 25 anos devido, principalmente, à conversão e desenvolvimento costeiro, 3-4 vezes mais rápido do que as florestas terrestres, períodos longos de recuperação necessário
— Possuem valores económicos e benefícios elevados, especialmente para as comunidades costeiras:
a. Valor económico estimado de US $ 2,000-9,000/ha/ano, onde os mangais são extensos
b. Produtos florestais (madeira, carvão, lenha, etc.) e produtos não madeireiros
c. Sustenta recursos pesqueiros
d. Proteção costeira
e. Proporciona lazer e locais de educação ambiental
f. A redução das emissões de carbono
No mundo, o factor desenvolvimento e práticas de uso não sustentáveis de recursos naturais, constituem principais causas de floresta mangal. Grandes áreas do mangal já foram destruídas e a perda de mangal em várias partes do mundo ainda contínua. Estima-se que na actualidade os mangais tenham reduzido para cerca de 1/3 da área original que ocupavam há 20 anos atrás. No entanto muitos países estão a tentar preservar o mangal e mesmo restabelecer as áreas já destruídas no passado (Vance et al 1996).
Sabe-se porém que com o desmatamento há perda de habitats e eventualmente a perda de espécies. Na Baía de Maputo foram estimados cerca de 9.776ha de mangal no ano de 1991, esta área representa 8% de diminuição da área de estimada em 1958 (de Boer, 2000). A perda de diversidade (de espécies e habitats) é um facto que muitas vezes não pode ser observado com o nível de detalhe de inventários florestais nacionais e necessita observações mais detalhadas (Sitoe et al, 2004).
Os factores por detrás da destruição de mangais incluem o estabelecimento de cidades e aldeias, agricultura, tanques para aquacultura, combustível lenhoso, madeira, material para construção e salinas (Primavera, 1998). Para além destes factores há também a destacar os factores naturais como as cheias e os ciclones que também destruem grandes áreas de mangal em várias partes do mundo.
Distribuição e ocorrência no mundo e em Moçambique
No mundo as florestas de mangal ocorrem na zona tropical e subtropical, na isoterma 20◦C (Mazda et al, 2007), e ocupam aproximadamente 150,000Km2. A maior área de mangal ocorre na Ásia com 62,232km2, seguida da África com 27,957km2, América do Sul com 23,883km2 e América Central com 22,402km2, (Spalding et al, 2010).
No continente africano, a maior área de mangal ocorre na África Ocidental com 20,040km2. A Nigéria é o primeiro país africano com maior área de mangal (11,134km2), seguida de Moçambique com 3,961km2 e Guiné Bissau com 3,649km2, (Spalding et al, 2010 e Saket e Matusse, 1994).
Em Moçambique o mangal ocorre na zona costeira das províncias de Cabo Delgado, Nampula, Zambézia, Sofala, Inhambane, Gaza (estuário do rio Limpopo) e Maputo, (Spalding et al, 2010 e Barbosa, Cuambe e Bandeira, 2001).
A maior área de mangal (mais de 50%), concentra-se a volta do delta do Zambeze e arredores de Quelimane com aproximadamente 200km contínuos ao longo da costa e até cerca de 50km para o interior (Barbosa, Cuambe e Bandeira, 2001).
No continente africano, as árvores mais altas nas florestas mangais bem desenvolvidas são encontradas nos estuários dos rios Rufiji (Tanzânia), Tana (Quénia), Limpopo e delta do rio Zambeze em Moçambique (Semesi, 1997).
No mundo ocorrem cerca de 73 espécies de mangal "verdadeiro" (Spalding et al, 2010), das quais 9 espécies ocorrem em Moçambicana, nomeadamente: Avicennia marina, Bruguiera gymnorrhiza, Ceriops tagal, Heritiera littoralis, Lumnitzera racemosa, Rhizophora mucronata, Sonetaria alba, Xylocarpus granatum (Semesi, 1997) e Xylocarpus moluccensis. A diversidade específica de mangal é mais rica no Sudeste Asiático com mais de 40 espécies. Na África Oriental ocorrem cerca de 9 espécies, todas elas também ocorrem em Moçambique, as quais estão distribuídas em seis (6) famílias (Avicenniaceae, Rhizophoraceae, Sonneratiaceae, Sterculiaceae, Combretaceae e Meliaceae).
A identificação das espécies é fácil quando feita no campo através de examinação de folhas, flores, frutos e raízes. As espécies de mangal pertencem ao reino Plantae, classe Angiospermae, subclasse Dicotyledoneae e diversas famílias.